Direita, vou ver?

ou como liberalismo, direita e esquerda mudam quando cruzam o equador

Há um conflito de personalidades e identidades no Brasil que só me resta observar da arquibancada, mas cujo resultado está nos destruindo.

Há uma geração e uma parcela significativa da sociedade que se sente e se diz empresária, empreendedora e portanto de direita. Daí elegem e apóiam pessoas como o Bolsonaro que tem um programa todo montado para o desmonte do Estado e as liberdades de ação do capital financeiro.

Ocorre que o liberalismo financeiro não é o mesmo que o liberalismo empreendedor. Por um simples motivo… ele não é empreendedor, não é produtivo. O mercado financeiro historicamente foi meio, foi ferramenta (altamente eficiente e lucrativa, mas ferramenta). Hoje ele se tornou fim. No Brasil, apocalipse.

O outro problema é que se esquecem de observar, por pressa, desaviso ou ignorância, o estágio do capitalismo em que nos encontramos e o estágio em que se encontram os países centrais e os paraísos do norte.

Enquanto nos países centrais estão num estágio já bem complexo das relações de produção, onde dicotomias e contradições elementares do capitalismo já foram superadas e nos paraísos do norte além desta complexidade eles já atingiram a sofisticação de poder e não querer, nós aqui mal saímos (saímos?) do extrativismo e da acumulação primitiva.

Por isso, ainda estamos num estágio do Capitalismo em que as contradições são protagonistas e só se superam com a ação de um poder moderador que não, não é o mercado. É, como foi em todos os países capitalistas desenvolvidos, sejam os centrais, sejam os paraísos do norte, o Estado.

O Estado que encomenda e regula. Que estimula e mitiga as contrações. Por isso nossos capitalistas, e nosso sociedade de modo geral são, a seu modo, dependentes do Estado como do oxigênio…

Por fim, vem a identificação com a direita. Aí, solidário a amigos que tem meio século de militância neste campo, falta feijão para a turma… Sugiro prestar a atenção na direita europeia e norte americana que não são necessariamente liberais e são extremamente nacionalistas…

Valter Caldana

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