O tempo passa, o tempo voa.

ou as agruras de
uma sociedade que
acha que tem tempo

Está tendo repercussão mundial a candidatura à reeleição da prefeita de Paris Anne Hidalgo. Repercute especialmente sua proposta de uma cidade 15 minutos, la ville d´un quart d´heure.

Quando falo de nosso apagão urbanístico e que nossa janela de oportunidade para mudar a matriz de desenvolvimento urbano da cidade e da região metropolitana está se esgotando, me refiro concretamente a este tipo de coisa.

Em 2011-12 participei intensamente, por mais de um ano, de uma equipe da Fundação USP liderada pela FEA com professores da FAU e da POLI que por solicitação da Prefeitura de São Paulo preparou um plano de longo prazo para a cidade.

O nome era SP 2040. Tratava-se de um plano de longo prazo, um conjunto de diretrizes, não um plano de metas ou um plano diretor. Um vasto processo de consulta pública e posterior sistematização técnica dos resultados obtidos com o objetivo de balizar e definir objetivos claros para as políticas públicas e seus derivados a serem elaboradas.

Como ficou pronto no final da gestão Kassab (a que pode não ter sido tão boa quanto ele crê, mas está muito longe de ter sido ruim como alguns insistem), muito perto da eleição, o documento político e técnico foi confundido inclusive pela imprensa com uma peça eleitoral e por isso foi solenemente ignorado a seguir. Foi para a gaveta e depois para a cesta sessão… Acho que nem na internet é possível encontrá-lo na íntegra.

Nele, lá em 2012, dizíamos que São Paulo deveria se preparar para o que se chamava então de cidade 20 minutos (a pé), que na versão final passamos para 30 minutos… em 2040!

Bem, dos 28 anos abrangidos pelo trabalho 8 já se passaram e continuamos sendo a cidade de 120 minutos… em veículos!!! A pé, muitas vezes, é sequer possível mensurar.

Tempo perdido, em todos os sentidos.

Tempo perdido nos deslocamentos cotidianos.
Imperdoável tempo perdido na paralisante eterna discussão, lote a lote, do CA e da TO…

Valter Caldana

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