1,25 Copa. Pergolado é brinde.

A pergunta:
Mas você acha que a indústria aeronáutica é “nossa”?

A resposta.
Não, não acho. Nem acho que foi o Santos Dumont quem inventou o avião…
Mas a Embraer, em especial sua inteligência, sim é brasileira. Nave capitânia de um vasto e importantíssimo polo tecnológico produtor de conhecimento tecnologia não por acaso plantado, cultivado, alimentado com sangue, suor, lágrimas, muito dinheiro e muito trabalho durante 70 anos exatamente a meio caminho entre Rio e São Paulo..

Um polo tecnológico do qual dependem diretamente mais ou menos dois milhões de pessoas e indiretamente todos nós. A perda do comando da Embraer significará no médio prazo (com a economia de ciclos curtos atuais, se nada mudar, no curto prazo) o desmantelamento do polo.

Caro, a Embraer não é uma estatal há muito tempo… é internacional há muito tempo… participa com inquestionável sucesso de um mercado global que não tem solo há muito tempo… minha questão não é xenófoba nem acho que depois do 14 bis e do Demoiselle o Bandeirante seja o melhor avião do mundo…

Só insisto que é um erro mortal e irrecuperável para um setor de ponta da economia que é nossa cunha, nossa ponta de lança para sermos players minimamente ouvidos no cenário mundial, a perda de controle da empresa. É simples assim.

Mais simples que isso é entender que o que se está fazendo com ela nada tem a ver com o mercado internacional de aviões… E que estes movimentos estabanados e tresloucados já a condenaram à morte, como é de interesse de tantos… pessoas, corporações e países.

Não discuta a Embraer como quem discute a GM, a Ford ou a Hyundai…

Seja como for, mesmo neste caso o fim melancólico do parque industrial e tecnológico do ABC deveria bastar como estudo de caso para o que estou falando… mas, se quiser, dê uma olhada em Liverpool, ou mesmo na sede das indústrias Dassault na França… tantos outros casos espalhados pelo mundo, bem aqui pertinho.

Enfim, a Embraer não é nossa, muito menos minha. Mas a inteligência dela é. Muito nossa. Construída e financiada, paga mesmo, com nosso dinheiro, com nossa criatividade, com nossa cultura e com nossa história. Manter seu comando operacional e estratégico é uma questão de projeto e planejamento de futuro.

Mas, insisto, para este projeto que ora vige, do fazendão extrativista e exportador, de fato é melhor deixar entregarem tudo em troca de uns tostões… 1,25 Copacaban Palace, que era o preço estipulado…

Valter Caldana

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