O presidente declarou que não lê tudo o que assina. E que, mesmo quando lê, nem tudo ele entende.
Vamos combinar que uma das vantagens do atual é que sua retórica não tem nem filtro nem freios… Isto que ele falou nada mais é do que a dura e triste realidade da quase totalidade do sistema público de exercício do poder no Brasil.
E, para nós democratas, explicita exatamente o eterno dilema entre a legitimidade (incluída aí a representatividade) e a capacitação técnica do eleito.
Por muito tempo se jogou na montagem de uma máquina pública eficiente e ágil e na sabedoria pressupostamente inerente à construção da legitimidade da personagem os amortecedores para esta contradição.
Porém, num país que caiu como um patinho no conto do vigário da destruição da inteligência da máquina pública e desestruturação do aparelho de Estado e que está organizado em torno do analfabetismo funcional e da indigência educacional, este dilema se torna uma tragédia anunciada em todos os níveis de poder e em todos os entes federativos.
Quando chega na cadeira mais importante do Planalto, aí …
Valter Caldana