FRANCISCO

Mesmo exercendo com grande intensidade uma profissão fortemente platônica, gosto de pensar (logo existo) que sou um sujeito aristotélico. Provavelmente, com muito esforço ao longo da já longa vida, não passarei de um cartesiano.
Isto me leva a me questionar:
se há centenas de bilhões de reais em renúncia fiscal para diversos setores e corporações que se justificam pelo ciclo produtivo, a saber
< Estado abre mão da arrecadação para que sobre mais caixa para diminuir o custo e então diminuir o preço e então aumentar as vendas e com isso, inclusive mas não só, arrecadar mais com o aumento das vendas >
e o Estado continua fazendo isso, haja visto a recente desoneração da folha de pagamento, e o fato de que todo setor que quer “incentivo” estatal sugere logo a isenção fiscal, qual o problema de incluir mais um segmento nesta lista?
Sendo que no caso deste segmento, a massa salarial, o ciclo positivo acima, se verdadeiro, é bem mais curto e rápido!
Afinal, o dinheiro a mais que virá no hollerith, no oleriti, no contracheque, no já caiu no banco ou no ordenado vai direto, sem intermediários, praticamente integralmente para o consumo, gerando mais produção e mais arrecadação. Afinal, não é isso que justifica a isenção bilionária para os outros setores?
Lembrando que o que não for para o consumo a uma velocidade espantosa vai para a quitação de dívidas com o mercado financeiro ou para a poupança, retroalimentando em todas as hipoteses o volume de dinheiro disponível para novos empréstimos e para circular e gerar novos negócios e fortalecer a economia.
Portanto, desejando um mundo que alcance ideais platônicos, organizo este pensar de modo aristotélico para fazer uma pergunta bem cartesiana:
Ou o ciclo virtuoso da isenção fiscal é só uma mentirinha para justificar privilégios localizados ou, então, por que o pau que bate em Chico não pode bater em Francisco?

Valter Caldana

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