Como sou arquiteto, o que vou falar não corre o risco de parecer opinião de engenheiro de obra pronta, risos… mas, vamos lá.
Há dois anos o presidente Lula e o ministro Haddad venceram a eleição na capital fundeados e alicerçados num arco de alianças bastante claro.
O vice-presidente Alkimin deu uma aula magistral de política, clareza de posicionamento e firmeza de decisão (!) e o presidente fez, as usual, mais uma de suas mágicas. Compôs um arco de alianças como poucos conseguem, mas que o paulistano gosta.
Neste arco e naquela eleição Boulos bateu recorde de votos e Tábata também, as duas jovens lideranças oriundas dos dois campos ali associados. O eleitorado paulistano entendeu, atendeu e votou nos dois com folga e clareza.
Ano e meio depois, com a economia razoavelmente estável, o acordão funcionando lá em cima, o que restaria fazer para disputar a eleição onde uma chapa/aliança clara já havia vencido, ano e meio antes, com folga??
Super simples, disseram alguns gênios da política profissional, inclusive os candidatos, a candidata e seus padrinhos:
Basta romper a aliança, lançar candidaturas distintas, depois deixar a Tábata cair no conto do Datena, depois chamar a Marta de seu retiro na secretaria do prefeito, aí abrir espaço para o psdb inteiro cair no conto do Datena, aí a Tábata cair no conto do Datena de novo, aí o Boulos fazer toda a sua campanha falando de um assunto só para um público só para, então, com toda esta lambança, todos juntos, prefeito inclusive, abrirem espaço para o Marçal.
Então. Ontem o prefeito foi reeleito, 1.000.000 de votos de diferença, o governador deu passadas kilométricas para colocar bolsonaro na coleira e no cercadinho, ambos, prefeito e governador tem os cofres cheios, muito cheios e uma economia estável que, como se viu no Brasil todo, favorece quem lá já está e hoje, meia noite, começou a campanha presidencial.
Não falta DR. Falta juízo, e sobra empáfia e soberba para um campo. E tem sobrado tenacidade e crua objetividade ao outro campo.
Mas, o que interessa (e por mais que isso fique claro a cada dois anos parece ser difícil de entender) é que não se pode hesitar diante do eleitor, pois este, como o Django da minha infância, não perdoa. Vota!
Valter Caldana