CRISE GREGA

Homero, Heródoto, Hipócrates, Platão, Sócrates, Aristóteles; Democracia ; Comédia; guerra do Peloponeso, guerras médicas; Esparta, Atenas, Corinto, Tebas, Argos, Micenas; Partenon, Éfeso, Samos, templos jônicos…

A Grécia, outrora centro da civilização ocidental, berço das mais importantes descobertas nas mais diversas áreas, agoniza em uma talvez irreversível crise econômica. Das possíveis soluções até agora apresentadas, com ou sem participação privada, fica claro quem paga a conta: o povo grego. Sim, os pacotes para “salvar” a Grécia, em maior ou menor grau, insinuam a volta do já condenado neoliberalismo, com acentuada diminuição da presença do Estado na economia (incluindo privatizações de empresas que atuam em setores estratégicos), transformando cidadão em mero consumidor.
Parece claro que o sacrifício do povo grego justificar-se-ia pela salvação de um projeto maior, o mega bloco econômico da zona do Euro. Pensando como grego, certamente seria mais um nos protestos que assolam aquele país há semanas. Mas não se pode negar que, para o resto do mundo (Brasil, inclusive), é melhor que a conta seja paga por lá. Em caso de calote, o risco de uma importante turbulência no bloco econômico europeu é bem grande, aumentando sobremaneira a possibilidade de “respingos” por aqui.
Nos primeiros sinais de crise, empresas que atuam em setores considerados supérfluos são as primeiras a sentirem a retração do mercado. Evidente que o consumidor restringirá primeiro gastos com viagens, lazer, hobbies, etc. Como empresário da indústria pet, assisto a tudo torcendo para que se encontre uma solução que não castre as perspectivas sociais e econômicas da Grécia, mas sabendo que um possível (talvez provável) calote grego implicará em adequações em projetos de curto e médio prazos no Hospital Veterinário Pompeia, empresa da qual sou sócio, inserida em um mercado bastante volátil, sujeito a grandes mudanças decorrentes de pequenas crises.

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7 Responses to CRISE GREGA

  1. Renata says:

    A Grécia foi fundamental para o crescimento de tudo o q temos hoje. Mas algo não mudou, o povo grego sempre pagou pelos erros do seu governo.

  2. graziela says:

    Fabiano,
    fiquei exultante com seu texto. Por um motivo que parece simples mas que, suponho, é o objetivo (difícil de ser alcançado) de todo professor: que os problemas sejam contextualizados e que as reflexões consigam relacionar o que ocorre tão longe geograficamente com as
    repercussões que obirgatoriamente terá no arroz e feijão do cotidiano de cada um de nós. PARABÉNS!
    certamente isso torna as pessoas mais atentas e críticas.

  3. Vladimir says:

    No caso da Grécia a reestruturação da dívida é inevitável… a questão é saber quem paga a conta. O contribuinte alemão, que só é chamado para resolver os problemas dos outros, vai chiar (com toda razão, diga-se de passagem). Eles passaram por um período de estagnação de 10 anos e agora colhem os frutos deste sacrifícios e vêem que só eles são chamados para pagar o pato. Ano que vem eleições na Alemanha – quem vai testar estas sensibilidades neste momento? Com certeza a sra. Merkel não vai.

    Os bancos franceses e alemães vão ficar numa situação complicada se isto ocorrer, mas tudo leva a crer que ocorrerá e eles terão de ser capitalizados.

    Hoje está muito claro que o euro foi um erro. Não existe união monetária sem integração fiscal e flexibilidade dos mercados de trabalho. Países como Portugal e Espanha se endividaram muito além de suas capacidades pegando carona numa taxa de juros que servia às necessidades das economias “centrais” enquanto a Grécia conseguiu “enganar” a UE todo o tempo com números de déficit e dívida fajutados.

    Italia está indo para o mesmo rumo. O país não cresce há duas décadas e já está com uma dívida pública de mais de 120% do PIB. Para piorar um quadro político com poucas possibilidade de um consenso – com um primeiro ministro moribundo e uma oposição fraca e dividida…

  4. Fabiano says:

    Apenas complementando, Jean:

    justamente porque o Euro engessa a flexibilização da moeda, os países de economia menos competitiva ficam reféns neste cenário comercial europeu. Trata-se de uma cilada de difícil solução.

  5. Jean says:

    A crise Grega é fruto de uma farra de gastos, inclusive públicos que hoje são insustentáveis para aquele país.
    Certamente, as famílias com menos recursos serão mais impactadas, mas o que é difícil entender é a razão pela qual a classe média daquele país, como a maior parte dos países europeus, mantém um sistema que não se sustenta, se um sistema previdenciário não se paga, ele um dia vai trazer uma “conta” cara. E o mérito não é discutir se o estado de bem estar social é bom ou não é, em princípio ele é ótimo, mas as contas de um país tem que fechar, se o orçamento não fecha vai “sobrar” para a parcela mais carente, por isso essa parcela deve exigir uma administração espartana no que diz respeito a gastos. A Grécia abusou do endividamento para manter um padrão social acima das suas possibilidades.
    Outro ponto importante é que a Grécia está presa ao Euro, trata-se de um país em crise que não conta com uma flexibilização natural da sua moeda, nesse ponto a Comunidade Europeia tem um grande desafio: como recuperar um país que usa ferramentas comuns à países tão distintos? O que é bom para a Alemanha é bom para Portugal e Grécia?
    Torço para que o povo grego “proteste” melhor mais baseado em um princípio básico: os recursos são escassos, cabe ao país fazer boas escolhas dentro do seu padrão orçamentário.

  6. Gleidiane Montemagni says:

    Indiscutível a importância histórica da Grécia; lamentável tal crise… Chega a ser triste fazer parte desta atualidade e testemunhar tamanha reviravolta desta nação, que , pensando em História, em tão pouco tempo se apresenta ao mundo ,frágil e vulnerável…

  7. É fundamental nos tempos atuais estimularmos o pensamento e análise crítica, dessa forma percebemos o impacto sistemico de qualquer crise em qualquer lugar do planeta.
    Ótima contribuição para refletirmos sobre os impactos das crises economicas e sociais em nosso dia-a-dia.

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