Confirmando o que venho comentando aqui há algum tempo, a prefeitura depois de privatizar os serviços passou a privatizar os espaços públicos como os parques e agora segue no caminho de privatizar as vias públicas.
Ontem foi autorizado em primeira votação na Câmara a privatizacao das ciclovias, ciclofaixas e etc.
Tenho evitado discutir o significado deste tipo de privatização da cidade.
Bater na tecla do fato de que este movimento privatista é a antítese do Liberalismo autoproclamado por quem o patrocina é perda de tempo.
Não adianta explicar que quando estamos num espaço privado nós necessariamente perdemos nossa Liberdade, na medida em que temos que seguir as regras do dono, o que é natural.
Mais improdutivo ainda é tentar explicar a diferença entre o que sejam limites comportamentais definidos por pactos coletivos estabelecidos pela História, educação, pelo bom senso, pela cultura, e o que sejam regras de conduta unilaterais definidas pelo proprietário, que impõem comportamentos e induzem fruições de acordo com seus valores e seus interesses.
Não estamos em tempos apropriados para destacar este tipo de sutileza que demanda algum grau de sensibilidade e cognição para ser compreendido.
Não vale a pena tentar explicar que quando vendemos a nossa casa, mesmo que continuemos a morar nela, não temos mais nossa Liberdade pois a mesma, e isso sim está na essência do liberalismo, foi vendida junto.
Vender a própria Liberdade, alguns chamam isso de vender a própria alma, tem sido uma escolha paradoxalmente livre das parcelas hegemônicas da sociedade que tem reiteradamente, nos últimos anos, indicado pelo voto que este é seu desejo. Na ultima eleição a proporção pró venda foi de 2 x 1.
Portanto, não cabe aqui discutir isso.
O que tenho procurado discutir é como isto tem sido feito. E qual o tamanho dos prejuízos materiais, que é o que importa ao pensamento hegemônico no momento, que privatizações mal feitas tem gerado e causado.
Quanto tem nos custado em dinheiro este movimento. E quanto mais nos custará.
Valter Caldana