ELOQUENTE

Se há uma coisa que é clara e indubitável na nossa cultura e civilização judaico cristã ocidental é que mais difícil do que viver a vida é viver a morte.
A prefeitura poderia ao menos não mandar mensagens dizendo que está tudo bem com nossos mortos, com os cemitérios e com as empresas que exploram os serviços.
Nós aprendemos desde crianças que diante da morte a reflexão e a auto análise são obrigatórias e o silêncio é eloquente!

Valter Caldana

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BIS

Não vou entrar no mérito da aprovação, por unanimidade, na CPPU, da placa do Bis no estádio. Acho uma discussão estranha visto que ali já havia uma placa com o nome do estádio e bastaria, como Hortelino, trocar as letras. Cai Cícero, entra Bis.
Mas, parece que as coisas se complicaram por causa do tamanho da placa.
O que é revelador…
Quando alguém pensa poder aparecer mais do que o Morumbi, isto demonstra suas intenções e o que pensa de si, da cidade e da vida.
Mas, a questão, literalmente, a pergunta que me ocorre é referente à solução aparentemente vantajosa para o município que é o investimento de dois milhões em obras de paisagismo sobre o túmulo do Antonico e no entorno imediato do estádio.
Estas intervenções vão receber as indefectíveis plaquinhas “Bis cuida desta área”? Ou, quem sabe, cada canteiro seja dedicado a um modelo de biscoito e plaquinhas tematizadas, criativas.
A pergunta cabe pois, se sim, trata-se de operação casada. Os dois milhões pagam esta exposição, e a placa no estádio saiu de graça.
Eu não sei realmente. Foi só uma dúvida. Creio que se houver plaquinhas, o Bis deu um baile e merece se sentir maior que o Estádio.
E, na sequência da privatização da avenida Raposo Tavares, teremos mais uma inovação. A privatização de fragmentos do tecido urbano.
Bem, vou lá ler a resolução CPPU para não falar besteiras. Posso estar lavorando em grosseiro equívoco e as intervenções em questão não sejam mais marketing e mercantilização da cidade e sim elevação de sua qualidade.
Mas, percebo que em qualquer caso a plateia, emocionada, pede bis…
…..
Cantei, cantei
Jamais cantei tão lindo assim
E os homens lá pedindo bis
Bebâdos e febris à se rasgar por mim
Chorei, chorei até ficar com dó de mim
(CBH e CP)

Valter Caldana

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NA VEIA

Me resta a pergunta, que fiz na época das reformas trabalhista e da previdência: quando serão cortados os subsídios a fundo perdido e sem contrapartida?
Li em algum lugar que 75 empresas no Brasil recebem anualmente os 35.000.000.000,00 que serão cortados.
Ou seja, se os benefícios que estas (apenas) 75 empresas forem cortados pela metade (nem falo em zerar…) o corte será a metade ou, caso se mantenha, terá o dobro da eficácia, certo?
Estadão e Folha poderiam colocar a lista destas empresas na primeira página, explicando há quantos anos estes benefícios são dados e quanto foi o retorno apurado indiretamente pelos cortes públicos?
Até quando os formadores de opinião e nós mesmos vamos conviver com os subsídios e renúncias fiscais sem limites ou prazos como se isso fosse normal? Como se não custasse nada?
Se um segmento não é capaz de sobreviver nas mesmas regras que todos os outros, que se abra, escancare o mercado.
Capitalismo na veia!!

Valter Caldana

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FRANCISCO

Mesmo exercendo com grande intensidade uma profissão fortemente platônica, gosto de pensar (logo existo) que sou um sujeito aristotélico. Provavelmente, com muito esforço ao longo da já longa vida, não passarei de um cartesiano.
Isto me leva a me questionar:
se há centenas de bilhões de reais em renúncia fiscal para diversos setores e corporações que se justificam pelo ciclo produtivo, a saber
< Estado abre mão da arrecadação para que sobre mais caixa para diminuir o custo e então diminuir o preço e então aumentar as vendas e com isso, inclusive mas não só, arrecadar mais com o aumento das vendas >
e o Estado continua fazendo isso, haja visto a recente desoneração da folha de pagamento, e o fato de que todo setor que quer “incentivo” estatal sugere logo a isenção fiscal, qual o problema de incluir mais um segmento nesta lista?
Sendo que no caso deste segmento, a massa salarial, o ciclo positivo acima, se verdadeiro, é bem mais curto e rápido!
Afinal, o dinheiro a mais que virá no hollerith, no oleriti, no contracheque, no já caiu no banco ou no ordenado vai direto, sem intermediários, praticamente integralmente para o consumo, gerando mais produção e mais arrecadação. Afinal, não é isso que justifica a isenção bilionária para os outros setores?
Lembrando que o que não for para o consumo a uma velocidade espantosa vai para a quitação de dívidas com o mercado financeiro ou para a poupança, retroalimentando em todas as hipoteses o volume de dinheiro disponível para novos empréstimos e para circular e gerar novos negócios e fortalecer a economia.
Portanto, desejando um mundo que alcance ideais platônicos, organizo este pensar de modo aristotélico para fazer uma pergunta bem cartesiana:
Ou o ciclo virtuoso da isenção fiscal é só uma mentirinha para justificar privilégios localizados ou, então, por que o pau que bate em Chico não pode bater em Francisco?

Valter Caldana

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ENTRAR

Acabei de receber um clip em que o prefeito, muito justamente energizado e revigorado por seus mais de 3.000.000 de votos, faz uma defesa veemente do túnel da Sena Madureira e ataca todos aqueles que consideramos esta obra um erro, classificando-nos como “turma do atraso”.
Uma pena. Mas, um importante indicativo do que será sua postura técnica e política na sua próxima gestão, solo, conquistada nas urnas.
Correndo o risco de parecer impertinente, lembraria aqui algumas coisas que considero, ao contrário, pertinentes.
Primeiro, lembro que todos é muita gente. Isto nestes tempos, inclusive, está mais do que visível.
Depois, lembro que atraso talvez seja o que caracterize esta obra. Projeto ruim quando apresentado, está quase quinze anos atrasado em ternos de início dos serviços e mais de um quarto de século atrasado em termos de premissas projetuais e técnicas urbanísticas.
Por fim, vou lembrar que a cidade gerida por Bruno e ele acaba de participar com brilho do Fórum Urbano Mundial, onde inclusive ganhou alguns prêmios importantes.
Prêmios justamente por iniciativas, obras e projetos bem distantes deste modelo anacrônico, atrasado e ambientalmente nocivo que se está insistindo em usar neste túnel e no prolongamento da marginal Pinheiros.
Quem foi lá, viu. Quem acompanhou pela internet, viu também. O mundo, não todo pois seria muita gente, vai a largas passadas numa direção bem clara e definida. Muito diferente desta.
Uma direção que está apontando para uma forte e brilhante luz no fim do túnel. Talvez este, do qual o mundo está saindo, em que ele está insistindo em nos fazer entrar.

Valter Caldana

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