Constantemente me aborreço por saber que temos problemas de falta de verba pública para investimentos estruturais e estruturantes, de longo prazo.
Por outro lado, diante do distanciamento abissal que temos entre a inteligência e a gestão pública no Brasil (vide crise da água, da mobilidade, do transporte, da habitação, do, do, da…), quando se viabiliza a verba fico me perguntando: uia! o que virá pela frente?
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A cada dia me convenço que a incapacidade dos governos em implementar correta e completamente os projetos, as políticas públicas e as soluções técnicas conhecidas, boa parte delas geradas inclusive no seio da máquina, é nosso verdadeiro e maior problema.
Todos os nossos avanços, que não sou poucos, vide nossas vitórias nos últimos 20 anos, [leia aqui] deixam um amargo gosto de ¨podia ser melhor¨, ¨dava para fazer mais¨, “faltou um bocadinho”, “não era bem isso”…
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Governos insistem em não ouvir seus corpos técnicos altamente qualificados (que acabam se transformando em guerrilheiros dentro da máquina para conseguir espaço e viabilizar minimamente o que precisa ser feito), em não ouvir universidades e outros segmentos técnicos públicos ou privados, insistem em ignorar solenemente centenas ou milhares de soluções que ele mesmo encomendou e pagou para nossos problemas históricos.
E, quando se mexem, quando empreendem, de modo geral os governos desconsideram o conhecimento acumulado.
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Os casos da água e da energia são os mais recentes. Os governos estaduais, responsáveis pela água de acordo com o pacto federativo, foram avisados há mais de dez anos! Por gente de dentro e gente de fora da máquina administrativa.
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Mas não é só neste caso… Vejamos as demais políticas, a saúde, a habitação… o cuidado com a criança e a educação, nossa maior mazela.
Enfim, a pergunta é: por que é tão difícil, tão cara, tão ignorante e tão perdulária a ação governamental no Brasil?
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Claro, dispenso respostas simplistas do tipo “tudo é culpa da corrupção” (que não é só causa, antes é efeito) e também as privatistas, do tipo “o Estado não funciona por definição” (o que é uma tolice grande, basta ver exemplos no mundo todo, para todos os gostos e matizes ideológicos).
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Seja como for, desconfio que é aí, no capítulo Organização do Estado, que reside o foco de nossa crônica infecção.
Só para lembrar: Organização do Estado, Organização Política, Organização Tributária e Pacto Federativo são matérias constitucionais…
Valter Caldana