Mais espetáculo…

Fui perguntado por meu amigo Rodrigo se um concurso internacional não seria mais eficiente e apropriado do que a contratação de Jaime Lerner para desenvolver um projeto para o centro de São Paulo.

A resposta só poderia ser: Indiscutivelmente!!

Mesmo com todo o respeito e admiração profissional que Jaime Lerner possa despertar, se não sairmos da concha o que vai acontecer é que, simplesmente, nunca sairemos da concha!

Um concurso internacional seria muito mais eficiente sobretudo se for realizado em duas fases, com discussão ampla antes e no intervalo de preparação das propostas. Tudo com agilidade, porém sem muita pressa. Afinal, acelerar, já nos ensinou o grande filósofo das estradas da vida Emerson Fittipaldi, não é ter pressa…

Aliás, esta mesma ideia vale para algumas outras áreas da cidade. Mas, é o que tenho dito, os agentes de mercado andam meio dorminhocos e achando que tudo o que não é tijolo baiano é sonho…

Há um tempo atrás a FSP realizou uma reportagem sobre possibilidades de projeto para o terreno do Des Oiseaux e me chamou para apresentar um projeto (uma hipótese de…)

Preferi não fazer e disse que ali, no que tenho chamado de diagonal de ouro, a esquina da Rua Caio Prado com a Rua Augusta, se somarmos o que se investia naquele momento no novo Ca d´Oro (um hotel cinco estrelas tradicional de grande porte que foi completamente demolido e reconstruído maior, mais moderno e mais complexo) com o que se vai investir no empreendimento Parque Augusta daria para realizar um lindíssimo concurso fechado de arquitetura com alguns dos maiores escritórios do mundo e alguns brasileiros. E que esta era a minha sugestão, ou o meu “projeto”…

Rápido, fácil, eficiente… usado no mundo todo. Teríamos ali, certamente, não um enrosco cultural, político e judicial mas uma solução e uma lugar interessantíssimo na cidade. Não fui publicado, e perdi a chance de ficar rico e famoso… ;-)

Por fim, só para lembrar, neste caso da cracolândia, já houve um concurso, com um vencedor de porte, por cujo projeto, bom apesar das duas falhas estruturais*, a prefeitura pagou bem. e o mesmo deveria ser retomado, avançado, corrigido em suas falhas e implementado. Já perdemos muito tempo, tempo demais.

E, ainda mais próximo no tempo, a prefeitura (de Haddad) já seguiu este mesmo caminho da espetacularização quando foi atrás de investir em projeto de outra estrela internacional, neste caso Jan Gehl, para o Anhangabau (leia aqui).

Como era de se esperar, deu no que deu. Em nada.

Valter Caldana

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* As falha a que me refiro são: não ter utilizado metodologias participativas, tão comuns e atuais, e jogar todas as fichas na proposta de concessão urbanística, tão claramente inviável.

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