REQUIEM ÆTERNAM

O fim físico do psdb é nada mais do que um rito de passagem funesto, iniciado no instante preciso do chilique convulsivo de aécio em 2014.
Dória (que salvou tantas e tantas vidas com sua atuação precisa, clara e eficiente na crise das vacinas) foi o anjo da morte do partido. Mas, é sintoma. Não se culpe o mensageiro.
O fim já estava anunciado desde quando, ao perder a hegemonia da agenda social democrata cristã no Brasil para o PT em 2002, ao invés de disputá-la e reconquistá-la na política e no voto, como fizemos vitoriosamente, palmo a palmo, desde 1979 até então, se refugiou na sombra úmida da direita e, uma vez lá, no colo da direita fisiológica, flertando com o obscurantismo.
Nada mais natural que feneça, agora, pelas mãos de Tarcísio manipulada pelo presidente.
Um velho e querido amigo, um dos maiores observadores e conhecedores da política brasileira com quem já convivi, na minha juventude dizia: vá fundo, mas não se iluda, é só a UDN de terno novo e sapato lustrado, mas furado.
Policarpo Quaresma não se permitiria um fim mais inglório, mais triste. Oremos,
Valter Caldana
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VERGONHA DE QUE(M)

As pesquisas não erraram.
E não existe voto envergonhado, o que existe é voto secreto.
Ainda bem.
O movimento de migração ainda no primeiro turno era mais do que esperado. Se vários aqui da lista, nós mesmos, já havíamos migrado de nossos candidatos iniciais em busca de finalizar a contenda já no primeiro turno, por que o outro lado não faria a mesma coisa?
Ademais, um dos exemplos mais claros deste movimento foi a eleição de nosso breve ex-prefeito ainda no primeiro turno em 2016. A possibilidade de ida do então prefeito Haddad ao segundo turno com chances de vitória, como avaliava sua própria campanha, mudou votos contra ele nas últimas 48 horas.
Outro exemplo claro é a votação de Erundina láááááá atrás. Virou o jogo em 36 horas, e sem celular ou internet! Quer mais do que a eleição de 2018, que tinha tudo para ser de Geraldo e deu no que deu pelo erro de avaliação do psdb, e dele próprio patrocinando dória? Relembremos a votação dele – e demais candidatos de direita – no primeiro turno.
Virar voto nas últimas 72, 48 horas é comum por aqui. Não é virar, é confirmar uma intenção, uma decisão já tomada e que aguardava o momento oportuno para ser implementada.
Por isso não é voto de indeciso ou de envergonhado. É, na verdade, o voto mais consciente de todos!
É pensado, milimétricamente estudado. Usado, com a precisão de quem usa um bisturi, na hora certa, para defender suas convicções, posições, verdades e crenças. E apoiar inequivocamente quem o fará melhor, mais claramente.
A migração dos eleitores remanescentes de Ciro para a direita era bola cantada. Não é possível que haja alguém que esteja surpreso com isso. Há meses que estava claríssima. O próprio candidato já havia deixado de lado seus eleitores de centro e esquerda, sabedor que já os havia perdido. Quem, entre seus eleitores que cogitavam votar Lula, já havia migrado. O microcosmo empírico desta lista/bolha aqui é amostra inequívoca. Só estavam lá, nos 8% da reta final, os que estavam esperando em quem votar com a direita.
Assim como estava clara, há meses, a ideia de que a tal da terceira via era muito mais a construção de uma narrativa autoindulgente para consolidar o voto de ontem do que um projeto político. Algo como “tentamos, mas não deu… por conta da polarização. Então, não tem jeito, só sobrou isso…”
Lembrando que há, entre os que apoiaram a possibilidade da terceira via muitos, muitíssimos, que já haviam migrado para Lula também.
Demonstração destas possibilidades, da narrativa autoindulgente ao voto absolutamente consciente e estrategicamente colocado na urna, aparentemente definido “nas últimas horas”, é o resultado de todas as outras eleições que se encerraram ontem – deputados, governadores e senadores – para além do presidente.
Como se viu no encerramento da eleição de ontem, este voto, insisto, é um voto em posição, não é um voto em pessoa.
Nós, por outro lado, continuamos cometendo o erro crasso de só olhar a eleição presidencial, reproduzindo o erro que mais condenamos: a hipervalorização da presidência. Isto, para mim, é que é inacreditável.
O segundo turno não é segundo tempo, nem é prorrogação.
Segundo turno é outra eleição. Se Lula for eleito, e ainda há chances reais de que seja, não governará sem corrupção. Ou cairá. Pois a verdadeira eleição acabou ontem. E foi, sim, 7 x 1.
Há outra eleição daqui algumas semanas.
Sigamos, sem vergonha!
Em tempo:
Você, que neste momento está pensando que não há um projeto (coletivo) de país, não se iluda, de novo. Há sim, e você, principalmente aqui do sul/sudeste, que não vota com a direita, não está incluído nele. No entanto, há um projeto alternativo a ser elaborado e disputado, palmo a palmo, nos próximos anos. Em frente!
Em tempo 2:
Vale lembrar que há a necessidade de se fazer uma distinção entre os vitoriosos de ontem.
Ganhou Lula, ganhou Bolsonaro e ganhou o centrão.
Perderam o psdb, a direita moderada e a centro direita (de novo!)
Ganhou o Boulos, e ganhou a bancada de centro-esquerda, que aumentou.
Ganhou o PL, que tem montes de deputados e senadores. A ver se segura.
E perderam alguns fisiológicos, o que sempre é bom!!!
Ah! E ganharam a histórica Erundina e o histórico Suplicy.
E perdeu o histórico José Serra, de quem fui eleitor na juventude em mais de uma ocasião.
Que venha a nova eleição!!!!!
Em tempo 3:

Valter Caldana

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SOBRE VIVER E APRENDER

A voracidade das empresas que vendem cursos de graduação EaD é tamanha que claramente deve estar havendo um “dumping” na área.
O que me espanta não é isso.
O que me espanta é a falta de reação das instituições de ensino consolidadas, que sabem ser esta uma onda passageira, algo como uma nuvem de gafanhotos, que vai (já está) desestruturando todo o setor.
É uma onda muito parecida, na forma, com aquela que houve há uns bons vinte anos, dos cursos ‘superiores’ ultra especializados e de curta duração. Lembram? Curso superior de preenchimento de cadastro de hotel, (contém ironia) e assim por diante.
A onda passou, não se fala mais nestes cursos (alguns devem ainda existir) e quem apostou tudo na modalidade perdeu. E perdeu muito.
O mesmo vai acontecer com o EaD como tem sido implantado.
É vergonhosa a voracidade e a superficialidade com que tem sido feito, inclusive com a aquiescência das autoridades responsáveis pelo assunto.
A implantação de uma Política Nacional de Ensino à Distância, como tenho observado nos últimos meses, é possivelmente a única coisa que sobreviveu aos governos FHC, Lula, Dilma, temer e o atual.
No entanto, a atual onda de sua implantação no ensino superior está sendo mais do que preocupante, está sendo potencialmente nociva, ao menos do ponto de vista das práticas profissionais.
O que, num país como o Brasil, poderia ser um instrumento de ampliação da base formativa, da base tecnológica, de expansão do conhecimento, de inclusão e de melhoria da qualidade de vida da sociedade está sendo deturpado de tal forma que, temo, além de quebrar algumas instituições bem sérias no caminho, criará obstáculos até mesmo para o uso futuro da ferramenta.
Quando a nuvem passar e sobrarem apenas ossos no deserto e talos inférteis e insepultos na plantação, a reorganização do setor, inclusive econômica, terá um custo elevadíssimo. Pouquíssimas instituições sobreviverão.
A seleção natural capitalista não dará conta de tudo, pois nem mesmo ela está conseguindo refrear e disciplinar este movimento agressivo no mercado. Não é a primeira vez que acontece, mas, neste caso, corre o risco de ser a penúltima. Ou a última.
Quem (sobre)viver, verá. E aprenderá.

Valter Caldana

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BEM VINDO 2040

A foto abaixo, de 1984, é uma delícia de lembrança.
Sem dúvida um momento especial na vida de muitos aqui da lista.
Especialíssimo, sobretudo, porque estávamos todos envolvidos com, em um grande PROJETO NACIONAL. Como é bom!
Sim, o Brasil já teve um projeto nacional.
Mais do que um…
Tivemos ao menos 5 grandes projetos nacionais ao longo da história. É por isso que somos uma Nação, somos um País e temos um Estado.
Esta fase de obscurantismo há de passar, como outras passaram, e a geração que irá assumir este país há de organizar o próximo projeto nacional com qualidade, generosidade, idealismo e HUMANISMO.
Como a destruição do nosso projeto foi implacável, voraz e perversa, vai dar muito trabalho organizar o próximo. Das outras vezes também foi assim.
Não obstante, o sucesso é inexorável.
Brasil 2040. Quem viver, verá!
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ah! em tempo:
doce de abóbora bom, é SEM coco.

Valter Caldana

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UM PRESENTE

Há mais ou menos 20 anos houve uma disseminação por várias áreas de conhecimento e profissões profissionalizantes, inclusive a sacrossanta medicina, de uma pedagogia que se denominou, em português castiço, PBL – Project Based Learning ou, para os monoglotas, Ensino Baseado em Projetos.
Integrante da família das pedagogias ativas, explicitamente baseadas na troca e na vivência (palavra conceito que malfadadamente recentemente passou a ser traduzida literalmente por aqui por ‘experiência’ ,o que muda muito), o PBL fundamentalmente leva às penúltimas consequências o fazer como protagonista do processo de ensino-aprendizagem, sem se descuidar de uma sólida e consistente base teórica, crítica e conceitual no desenvolvimento de habilidades, competência e POSTURAS dos estudantes.
Sou um fã desta linha pedagógica há décadas. Já coordenei, elaborei e participei de vários projetos pedagógicos baseados nela. De resto, nosso mestre maior neste campo, Anísio Teixeira – talvez o maior herói brasileiro – está aí com seus exemplos e discípulos para ilustrar tudo isso.
Por que este longo preâmbulo?
Porque no ensino de Arquitetura e Urbanismo o PBL não é de agora… No âmbito da corporação, vem desde a idade média, se organizou mesmo antes do Renascimento Corporações de Ofício, Guildas…) Aliás, ele propiciou o Renascimento!
Já no universo do ensino formal, ele é aplicado desde o século XIX, na academia e nas escolas de Belas Artes e de Pontes e Estradas, em especial pela via francesa. Se aprende fazendo e se faz aprendendo. Daí surgiram cursos de Arquitetura, de Engenharia, Escolas de Belas Artes, Institutos Politécnicos, sem esquecer os bravos e fundamentais 9inclusive o nosso) Liceus de Artes e Ofícios.
Importante esta lembrança, sobretudo num tempo em que alguns fazem questão de fingir que o mundo começou quando nasceram e se empenham em confundir instrumento com método, tomando um pelo outro. Tomando a parte pelo todo.
Recursos e instrumentos digitais, eletrônicos e de comunicação e conectividade plena são mais do que bem vindos. São absolutamente necessários ao processo de ensino-aprendizagem.
A disseminação de conhecimento de qualidade é vital para a sobrevivência da humanidade no planeta e, num país que produz mais desigualdade do que pode suportar como o nosso, é vital para que se possa sequer sonhar com a superação desta infâmia.
Então, se constrói uma Política Pública de Estado que desde 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) se consolida e diz que o EaD é ferramenta privilegiada para que se dê esta disseminação e que se atinja as porções mais desequipadas do território nacional. Muito bom!! Na verdade, mais que isso, é necessário!
No entanto, em 25 anos, quando o exponencial desenvolvimento das Tecnologias de Comunicação poderia viabilizar a materialização desta Política com uma eficácia inaudita, o que se tem é a distorção do uso do instrumento e da ferramenta, sua transformação em metodologia e, na área do Ensino de Graduação em Arquitetura e Urbanismo (incluam-se as engenharias) se jogam fora mais de 200 anos de experiência e 400 anos de prática…
A questão que se coloca é: onde se pretende chegar?
Mesmo que romanticamente a resposta seja, vamos descobrir no caminho, ainda resta a questão. E quem vem com a gente?
Sigamos.
Online? Talvez sim, talvez não, hora sim, hora não.
Mas, presentes, sempre presentes!
Valter Caldana

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