ENTENDER

A sucessão de análises erradas, o festival de falta de foco e a cômoda ignorância do que está logo abaixo do nariz e nas manchetes de todos os jornais, além de bibliografias básicas, leva a este primoroso “case” a ser estudado hoje e mais ainda no futuro. Não por sua gravidade ou amplitude, mas por sua obviedade e previsibilidade.
O objeto de pesquisa girará sempre em torno da perplexidade sintetizada pela frase: como é possível se equivocar tanto, e por duas vezes seguidas, em menos de dez anos.
Não é difícil entender como é possível se equivocar tanto. Mais difícil é quem precisa entender querer entender.

Valter Caldana

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NO PÉ

O ciclo de ataques jocosos ao ministro da fazenda no sentido de criar crise e desestabilizar a situação serve para demonstrar uma coisa, mais uma vez, que se sabe há décadas… No presidente nada cola.
Até semana passada a inflação ia disparar e a economia explodir por conta da língua solta do presidente cobrando a baixa dos juros e dizendo que a dívida social tem que ser paga tanto quanto a dívida publica. Não colou. A inflação não subiu (baixou um cadinho), o PIB deu um pulinho para cima e a popularidade do gajo cresceu. Crise passada.
Então, do nada, a internet é tomada por uma tempestade de memes e piadas com o ministro da fazenda e seu gosto apurado por taxas e impostos… Crise à vista (ou a prazo, com IOF?)
O fato é que enquanto lidarmos com nossos problemas cotidianos e ataques à nossa estabilidade baseados na força de presidentes carismáticos ou na capacidade de ministros mais cartesianos que aristotélicos, estaremos melhor do que com invasão de prédio público, tropa na rua e tiro na orelha.
Afinal, os nossos tiros são, costumeiramente , no pé.

Valter Caldana

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PROJEÇÃO

Causa desalento ver a baixíssima, quase nula, repercussão da aprovação/desfiguração, pela segunda vez!, do Novo Ensino Médio.
Sim, a bala do Trump mudou o mundo pois acertando ou não o ff* President ela acertou o alvo e merece atenção e repercussão. Ok.
Mas, o novo ensino médio não mereceu nem 1% da repercussão e do noticiário da bala…
Se a bala no Trump pode mudar (?) uma eleição que pode mudar o mundo, o novo ensino médio vai nos mudar, para pior, e bem rápido.
O NEM, que pode atender por NEM (uma piada em si mesma) é uma face visível de um projeto amplo, tentacular e eficaz. Vai comprometer de modo definitivo a formação média de nossos jovens.
Para você, meu amigo, minha amiga, mais habituado a raciocínios elaborados na primeira pessoa do singular que resulta na pergunta “o que eu tenho com isso”, pense o seguinte.
É a geração despreparada por este ensino médio que estará nos postos de trabalho qualificados sobretudo no setor de serviços daqui 10 anos te atendendo. Se a vida está dura hoje, imagina lá então….A IA resolverá?
Por fim, vale lembrar que depois do NEM vem o ensino superior. Que ele afeta também. Afeta inclusive nossa corporação. Basta ver a trajetória das DCN desde a década de 1990 até hoje. E fazer uma projeção.

Valter Caldana

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Irreversível

Para pedagear um trecho de alguns poucos quilômetros da Raposo Tavares, o que será uma operação altamente lucrativa em função do volume de veículos que ali transitam diariamente, a proposta é destrui-lo.
Inclui destruir a mínima qualidade de vida de quem vive, trabalha ou simplesmente passa por ali desde Cotia até a avenida Pedroso de Moraes, com o estrago provocado pelo projeto avançando sobre o Alto de Pinheiros, a Vila Madalena e o bairro de Pinheiros.
Todo este esforço destruidor é composto por até 30km de desapropriação (15km de cada lado da rodovia), mais a desapropriação de aproximadamente 20.000m² para a abertura da bocs do túnel no trecho da rua Reação, a construção de mais um Túnel sob o rio e o alargamento de vias na outra boca (espero que sem desapropriacões) e o alargamento de vias em Pinheiros e vizinhança para dissipar a onda de estrago, espero que também sem desapropriações, caríssimas.
E todo este festival se deve, basicamente, porque para cobrar o pedágio é obrigatório oferecer rota alternativa similar gratuita. E, no trecho urbano da rodovia, ao lado (vide Castelo)
Esta operação, e este projeto, compõem uma tragédia de enormes proporções.
Chega a ser pior do que tragédias naturais e climáticas como um terremoto ou um tsunami, pois não é episódica. O estrago é permanente.
Como hoje somos uma sociedade que majoritariamente apoia a transferência do patrimônio público construído com o dinheiro e o trabalho de nossos antepassados para o privado, considera positiva a mercantilizacao do espaço coletivo e acha correto pagar por um serviço que visa lucro ao invés de pagar por um serviço que vise qualidade, faço uma sugestão.
Que apenas se altere a legislação e se permita pedagear o trecho em questão da Raposo sem que se cometa, se perpetre, este projeto destruidor que provocará estragos permanentes e irreversíveis na economia da cidade apenas para criar a rota alternativa grátis.
Que se assuma o desejo incontrolável pela cobrança do pedágio, aplacando o apetite voraz e a opção ideológica e se torne a operação eficiente, lucrativa e eficaz  sem os danos colaterais que estão projetados.
No atual perfil político-ideológico da sociedade refletido na composição da Assembleia  Legislativa, tenho certeza que um projeto de Lei desta natureza seria rapidamente aprovado. E a cobrança do pedágio começaria muito mais rapidamente, praticamente de imediato e pronto!
Indolor, rápido e com grande aporte tecnológico (pelo que entendi a cobrança vai ser automática, sem cabine).
Sim, a sugestão contém ironia. Mas nem tanta.
Segue…
As rotas alternativas existem e já são congestionadas, mas este não é o objeto do projeto. Elas são o os sistemas Francisco Morato/Eliseu/Régis e o sistema Corifeu/Autonomistas.
Com a vantagem de que com uma pequeníssima parte do que se vai gastar, podem receber umas migalhas de melhorias. Afinal, o asfalto eleitoral está aí para isso.
E com outra pequeníssima parte do que se vai gastar, daria para urbanizar o trecho paulistano da Raposo e instalar ali calçamento amigáveis e acessíveis nas laterais, um canteiro central decente e arborizado e uma via segregada para o transporte público de baixa e média capacidade.
Que aliás,  é o projeto que se propõe, há pelo menos duas décadas (ou mais), para de fato minorar as agruras da cidade nesta região.
Mas, para isso é necessário municipalizar o trecho. Ah… então aí não dá para pedagear! Volta ao zero!
Dá sim! Olha que interessante,  com um simples decreto municipal, mas pode até ser uma Lei, dá para São Paulo colocar o pedágio e ainda ser a primeira cidade a, finalmente, adotar o pedágio urbano em larga escala no Brasil.
Com a vantagem de, em seguida, implantá-lo também nas marginais, que já estão preparadas para isso desde a última grande reforma, mas faltou coragem à época.
Ou seja, (mais uma ironia ?), é puro avanço e inovação, a baixo custo e  sem destruição irreversível!
Valter Caldana
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ENTRADA

Há quem esteja reclamando do fato dos vereadores terem feito mais 30 mudanças no zoneamento além da “apenas uma correção nos mapas aprovados por engano”. Não procede a reclamação.
Pois bem… um processo que foi não surpreendentemente errado desde o princípio em 2019/2020, erros estes patrocinados pela situação e pela oposição, não poderia terminar melhor… E não terminou. Terminou mal.
Mas, que se diga e se repita sobre as modificações realizadas: entrou no plenário do legislativo, este é e sempre será autônomo e legítimo. Portanto, podem mudar.
De lá, tudo pode sair.
O que se faz necessário é controlar a entrada.

Valter Caldana

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